sábado, 4 de dezembro de 2010

Meus pensamentos sensitvos

Se eu pensasse mais
e sentisse menos,
certamente não amaria.
Quem ama cede a si mesmo
em favor do outro,
e que coisa mais doida
abrir mão de si.

Se eu pensasse mais
seria apenas eu.

Mas quando penso
os impulsos pensam por mim,
e isso é sentir.

Sinto dor e alegria.
E se pensar é a solução para não sofrer.
Sentir é quase sinônimo de viver.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Trancafiado

E quando voltar aqui
pelo mesmo caminho que se foi,
destruirei sua rota.
E rota, sem pássaros nem bois,
não servirá de passagem.
Sem estrada você não poderá seguir.
A menos que queira partir.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Café Preto

Café bom é café brasileiro.
Assim como o negro
que aqui veio plantar.

Nessa terra em que as coisas
transformam-se.
Grão em pó,
Homem em escravo.

Nessa terra
em que após transformadas,
elas simplesmente
desistem de mudar.

domingo, 26 de setembro de 2010

Mais um cigarro

Ele soltava a fumaça
como quem solta a alma.
"Mais um cigarro, por favor,
ele me acalma".
E talvez nem fosse calma
o que procurava,
mas era o que encontrava
quando soltava fumaça.

Um pulmão preto,
uma mão preta
e uma alma pouco a pouco cinza.
Cinza de fumaça.

O Curinga

Dedico ao bom poeta Peagá.



Uma era todas.
E por ser todas
entendia exatamente como eram.
E por ser uma,
todas desentendiam.


Se eu jogasse cartas,
certamente esperaria o Curinga.


Mas como sou carta também,
simplesmente não entendo.
E acho esse tal Curinga
muito sabichão!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Jogo de Cartas

De ás a rei.
Essa é a ordem,
mas não sei
se não é também
desordem.

De lá pra cá,
de cá pra lá.
Em qualquer ponta começa,
o jogo guarda
um lugar para cada peça.
E sem cada uma jogo não se faz.

Então se é de ás ao rei,
ou de rei ao ás,
não sei... Tanto faz!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A cidade

Uma faixa de sol
é tudo que vejo.
Um céu inteiramente arranhado
e um vestígio de amarelo.
Verde, só a pintura da parede.
Preto, até o ar antes transparente.

sábado, 17 de julho de 2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O grande público

Simples.
Que de tão simples,
toda gente nem vê, e passa.
Mas é justamente na simplicidade
que eu vejo graça.

domingo, 13 de junho de 2010

O erro irreparável

A dor é tão forte,
já nem sinto...
e se por acaso minto,
é porque sou homem também!

E nessa coisa de ser homem,
erro o tempo todo,
o tempo inteiro...
e de repente nesse meio,
tento ser um outro alguém...

Não espero conselho,
nem ajuda.
Mantenho-me muda,
e espero que as coisas mudem.

E continua tudo igual...
um sentimento irreal,
domina o que não pude ser...

E se agora clamo por morte,
entrego-me ao azar ou sorte
é porque não sei viver!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Um poeta sozinho

Sou poeta porque sou sozinho,
se eu tivesse muitos amigos,
colegas ou vizinhos...

Não escreveria meus lamentos,
mas os diria em alto e bom som
aos quatro ventos.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Raízes aéreas

Reconhecem-se.
Aqui, as pessoas reconhecem umas as outras.
Dizem oi, sorriem,
e depois dizem adeus.
E nessa relação sem raízes
elas se firmam.
Ah! Foi-se o tempo em que as pessoas conheciam...
Foi-se o tempo em que as raízes não eram aéreas!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Há dois anos...

Essa presença espiritual não satisfaz,
Quero mais,
Quero completo.
Tudo aqui é tão incerto,
só sua ausência é certa.
Certa e dura como a realidade.

Descanso

Subiu.
Cansou.
Sentou para descansar
e descansou para sempre!

domingo, 18 de abril de 2010

Sombra das sobras

Ao meu amigo Edu.

Alegrou-se com a alegria dos outros.
Buscou lugares cheios, porque estava sempre vazio.
Procurou fora o que faltava dentro.
Faltava tanto... sobrava tão pouco!
Se sobrasse...

domingo, 11 de abril de 2010

Submerso

Buscou a superfície...
Decidiu-se por ficar só na parte de cima.
Mas na superfície o vazio é tão grande,
que ela preferiu submergir e deixar-se esquecer.
Sem que pudesse esquecer as suas dores.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Vivendo

O tempo cura,
mas se encarrega de trazer novas dores.
Porque a vida é essa superação
chata de cada dia.

A espera

Esperou que o telefone tocasse.
Não tocou.
Esperou que a chuva cessasse.
Não cessou.
Cansou de esperar as coisas.
Já não tinha paciência
para esperar a morte.
Morte que talvez demorasse
mais 20 ou 30 anos para chegar...

Calçada de cimento

Chove.
A água escorre pela calçada.
Foi-se o tempo em que escorria
para dentro,
para a terra.
Agora o chão é impermeável,
e nós também o somos.

quarta-feira, 31 de março de 2010

A menina e o barranco

Sentou-se no barranco esperando que ele desabasse. Não desabou. Não desabou o barranco, pois a garota despedaçava-se a cada segundo. Por fim, ela se levantou e saiu. O barranco está um pouco mais fraco e a menina um tanto mais forte.

domingo, 28 de março de 2010

Enlace

E no abraço amigo
encontramos o alheio que vive em nós.
Atando os nós da gente.

E no sorriso alheio
encontramos o amigo nosso.
Que desata os nós na gente.

E entre amigos, alheios e nós,
um laço mais forte que a alma...
mais forte que a vida!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Outros dias, outras alegrias.

Tão pouco tempo fora
e parece ser uma vida inteira...
Que de tão inteira,
Tira-me pedaços.
Partes que não sei viver sem.
E já estou sem cor,
um branco infinito se mantém em mim...
No que sou sem,
não no que fui outrora.

sábado, 6 de março de 2010

Um modo de viver

A vida é tão curta,
por isso não durma, não brigue,
só cante...
Mas dormir é viver,
sonhar é viver,
Só que num tom silencioso.
A gente acha que vive de verdade
quando a vida nos traz o eco.
Mas o eco não é vida.
Vida somos nós.

terça-feira, 2 de março de 2010

...

Falo por reticências,
pois há sempre algo que não foi dito.

Terceirizados

Aos meus queridos amigos "Terceirizados".

Os laços da alma
assumem o papel da rotina.
Rotas as paredes da sala,
Mais um ciclo que termina.

Até aqui chegamos juntos,
Com as mãos dadas...
Umas soltaram-se pelo caminho,
Rumo a uma nova estrada.

No eterno momento
que agora se faz,
O sentimento há de fazer
o que a mão não foi capaz.

Somos,
E ser exige sensibilidade.
E como há de ser sensível
o que está pela metade?

Os que hoje são saudados
Encontram na plateia, do outro lado,
A explicação de ser,
e não apenas, existir.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O primeiro vôo do passarinho

Quis voar o passarinho.
Num dia chuvoso (sem sol),
pulou do ninho.
Bate devagar a asa, pobrezinho,
mas devagar voa sozinho.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Porções ou pedaços

Parto.
E essa mudança que se instala,
e que me cala
parte comigo.
E o céu está nulo,
está cinza.
Sem alegria.
Mas cheio de felicidade.
A alegria passa, como passa um bonde.
E o bonde pára para quem quiser entrar.
A felicidade permanece, não vai além
porque não sabe caminhar...
Caminhamos até ela, mas não conseguimos mantê-la
sempre no presente.
Porque a nossa vida é um rio corrente,
que passa pela felicidade
como passa um segundo pelo mundo.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Passageiros.

O tempo se perde,
perde a vida,
perde a gente...
E em cada segundo,
Encontro-me diferente.
Uma outra vida,
uma outra gente.
Como perde? Se acrescenta...
Como rouba? Quando aumenta...
Cada passo do ponteiro no relógio
é um passo a frente,
ou um passo ao passado?
É presente, futuro ou pretérito?
Não sei.
E vivo sem saber...
Porque a vida é uma ordem,
nascemos para viver.
Mas alguns não vivem...
nascem, como todos,
existem, como a maioria.

Nós somos passageiros do tempo.
Passageiros da vida.
E talvez sejamos também,
Passageiros da morte.
Se é que a morte existe...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Dita por aspas

Cansada de dizer por aspas.
Reproduzir pensamentos.
A aspa é a casca do momento!

Citando ideias, pensadores...
Ai, eu trago tantas dores
e ideia alguma.

A noite, na hora do sono,
as citações adormecem...
as aspas desaparecem...
E o homem volta a ser homem!

domingo, 31 de janeiro de 2010

Os zés

Em linhas gerais
os zés são zés.
Homens sem expressão
ou expressivos demais.
São tão comuns, tão normais.
Constroem casa e mesa e sonho...
(Suponho)
Com seus braços de ferro
e coração de ouro.
São fortes como um touro,
Sensíveis como a luz.
Não se escondem, mas nunca são vistos.
Talvez não existam para o olhar.
Matéria e espírito... um pouco misto.
Grandeza demais para observar.
Os zés são zés,
feitos de aço e mantidos por fé.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Escrita, descrita e despida

Nessas linhas estou escrita,
descrita,
despida.
As palavras se ordenam e dão sentido
a quem sou.
Dão-me um caminho, mas não me definem...
E como eu haveria de ser definida
se nem meus átomos o são?
E de repente eu perco o chão
que não se encontrava embaixo dos meus pés!
Que não sei em que lugar está (sequer)...
Nem se já esteve ou não.
E um dia um anjo negro
ou branco, não sei,
vem e me leva pelas mãos.
Vem e me rouba o chão,
que talvez nunca pisei.
Mas que não me leve aos céus,
que não seja tão cruel
e me faça pisar nas nuvens
com as quais um dia sonhei...
Acho que prefiro continuar sonhando,
e se piso e acaba o encanto?
para onde é que irei?

Resposta.

(Respondo ao poema "Vida" de Mario Quintana)

Leio-te até agora porque a minha vida exige teus versos!

Poesia sem fim

Quero inteiro.
Se for metade não quero mais!
Parte sozinha não é todo,
e todo sem parte não se faz!

Por isso dois para ser um.
Por isso um para ser dois.
O amor é presente, agora,
Desconhece o depois.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O caminho

Os caminhos que levam são os que trazem.
Trazem o corpo...
Levam a alma!
Trazem um pouco de calma.
O vir não anula o ir,
pois quando vou e venho tenho tempo...
E o tempo não vai nem vem.
Ele está parado.
Nós é que nos movemos,
e dizemos que o tempo passa.
E essas rugas que brotam em minha face,
eu não sei como explicar...
Então culpo o tempo,
mas não quando faz sol ou está chovendo...
Culpo o tempo que foge de mim
como se tivesse pernas.

Ele corre,
e não me espera!

Ou corro eu
e ele não se mexe?

Se corroeu... ele não se mexe.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Tal vez...

Esse céu cinza,
nem branco e nem preto
Esse tom de meio termo,
de talvez, de quem sabe...
Quem sabe o sol nasce,
e o cinza some, e o azul chega...
Já chega...!
A verdade é ainda mais cruel,
nesse talvez azul do céu.
Nesse talvez você chegue,
Talvez a porta abra,
talvez a chuva cesse,
talvez o carro pare.

Essa dúvida tão cheia de certeza
que a dúvida existirá.
E essa certeza tão cheia de dúvidas
que nos faz recuar.
E esse recuo tão cheio de medo
que nos faz abraçar.
E esse abraço tão cheio de nada,
nos faz acreditar.

Que talvez mude,
ou talvez salve...

Apenas a morte não aceita talvez.
Ela é certa... não muda.
Mantem-se muda e fria.
Não anda pelo meio da pista...
nem sei se anda pela pista.
E uma vez que seja vista,
é a ultima vez. Porque ela sim, não aceita talvez.